terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Passatempo

Todos os dias ela se levanta e faz tudo exatamente igual... Como se fosse um relógio, conta minutos e segundos de cada instante em vão. Ajusta o tempo, olha no espelho, ajeita a gola da blusa azul e se pergunta o porquê daquela cor tão desbotada.
Seu passatempo é colecionar tempo perdido. Ela os guarda numa caixinha de madeira toda catalogada em veludo e de tempos em tempos se põe a contá-los e a se vangloriar pela dedicação ardente. Nem se deu conta que tal dedicação lhe rouba o tempo, mas admira sua coleção de minutos intactos e por vezes se questionou sobre o quanto valeriam. Com certeza muito menos do que qualquer pessoa poderia pagar...
Um dia, numa época qualquer, ela vai aprender que tempo não se guarda, não se coleciona ou vende, apenas se gasta, consome... como se fossem os últimos, como se não tivessem fim.

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