quarta-feira, 24 de março de 2010

Ali à frente

Aqui de onde o vento sopra, eu fico sentada a olhar pra frente. Daqui de onde eu me recosto pra pensar em mim, fico a observar as pessoas que vivem mais ali à frente e daqui eu vejo gente andando, gente resolvendo problemas, gente criando problemas. A vida ali na frente parece passar comum e apressada, num marasmo indiferente, numa rotação contínua. Quanto mais espio, mas tenho a impressão de que ali tudo é mesmice, tudo é nada, e nada é menos ainda, passa e ninguém vê.
As pessoas ali da frente medem o tempo em “check-list”... Cada um tem o seu, aliás, cada um tem sua lista infinda de coisas a fazer, cada qual com seu horário limite de resolução e, quando não são resolvidas a tempo, o dia tem horas a mais, as semanas tem dias e noites a mais e no final do mês tem olheiras a mais, cabelos a menos, doenças a mais, unhas a menos, gritos demais, respeito de menos...
Eu fico daqui a observar o mundo girar ali na frente e até confesso que às vezes fico zonza. O mundo ali gira rápido demais. Tão rápido que nem o vejo girar.
De longe eu sinto o vento soprar e de leve sinto a vida correr... Eu, que sentada aqui atrás deveria pensar em mim, fico só a olhar pra frente como quem espera a corda bater no chão pra começar a pular.

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